cavalo sem nome

Recebi, em 2014, um convite para acompanhar e filmar uma das maiores cavalgadas do Brasil, que saía de Goiânia com destino ao município de Aruanã, localizado na região noroeste de Goiás. A cavalgada cobria mais de 300 quilômetros ao longo de 10 dias, quase inteiramente por estradas de terra, e percorria um Goiás menos conhecido, demasiado rural e tradicional. Quanto ao trajeto, demos início na segunda semana de julho daquele ano em Goiânia e, nos dias seguintes, percorremos Goianira, Avelinópolis, Americano do Brasil, Goiás, Buenolândia e, finalmente, Aruanã, cidade banhada pelo Rio Araguaia. Anos depois, percebi nas mais de 20 horas de material produzido a adoção de procedimentos semelhantes para a feitura dos enquadramentos das paisagens e algumas artimanhas na apresentação do entra e sai de cavalos e cavaleiros em cena, nos campos de soja que roem a paisagem do cerrado e nos detalhes da arquitetura de casebres e pontes empoeiradas. O material produzido compõe o trabalho cavalo sem nome, projeto que passa por uma nova montagem sempre que é mostrado. Os convites para participação em mostras e exposições disparam um novo corte e, ao final do período de exibição em espaços institucionais, os arquivos utilizados na feitura dos cortes e mesmo a versão apresentada são irrecuperavelmente deletados do único HD. Essa curadoria almeja aniquilar todos os arquivos, busca colocá-los sempre em recomeço, numa espécie de filme sem fim que desbanca os artifícios narrativos comumente utilizados nos road movies.

Corte 01: Cisco no olho

Corte 02: Um largo empoeirado

Corte 03: Na mansidão do tempo

Corte 04: Uma festa para Antônio

Corte 05: Brokeback Mountain em baixíssimo orçamento

Corte 06: Vai amanhecer e dessa vez eu quero acordar sozinho

O trabalho contou com colaboração de Emerson Maia, Larissa Fernandes, Thiago Ramos, Rico Villares, Lidianne Porto, Gabriel Raposo, Silvio Calazans, Leandro Rodrigues e Thomaz Magalhães.