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O volume da chuva é que decifra o dilúvio: diálogos contemporâneos no acervo CCUFG

05/12/2025

 

No dia 12 de dezembro, o Centro Cultural UFG inaugura a exposição O volume da chuva é que decifra o dilúvio: diálogos contemporâneos no acervo CCUFG, com curadoria de Paulo Duarte-Feitoza. A mostra celebra os 15 anos do espaço, referência na cena artística de Goiânia.

A partir de um convite do Paulo para dialogar com obras do acervo, decidi voltar meu olhar para O Banho da Ninfa (1995), pintura de Humberto Espíndola, artista nascido em Campo Grande (MS) que ocupa lugar histórico na descentralizaçãoda arte brasileira ao trabalhar de forma pioneira com imagens do entorno, com destaque para os bois.

O diálogo com a pintura acionou uma série de imagens e associações que resultaram na criação de Fruta dos Trópicos, vídeo concebido como ópera em três atos em formato de road movie. A narrativa acompanha um funcionário encarregado de levar um animal que, ao desviar da rota prevista, percorre as estradas de Goiás até encontrar a fruta dos trópicos: um boi dourado, sedutor e imponente.

O trabalho contou com a colaboração de Théo Mariano, Fernão Carvalho, Midori Gondo e Laura Costa, a quem agradeço profundamente.

A exposição está imperdível.


Telhado no bolso: Visita ao Ateliê do artista Benedito Ferreira

20/11/2025

Quero convidar vocês para uma conversa e visita ao meu ateliê, no Setor Oeste, em Goiânia, que acontecerá no próximo sábado, 29 de novembro. Como o espaço é pequeno, as inscrições podem ser feitas pelo e-mail benedito@beneditoferreira.com. Esta será a última das três ações públicas do projeto Telhado no Bolso, realizado com apoio do Programa Goyazes.

A proposta é abrir caixas e pastas, compartilhar processos em andamento e apresentar materiais fotográficos e documentos coletados recentemente na Feira da Marreta.

Há mais de três décadas, a Feira da Marreta ocupa os domingos de Goiânia. Nascida do encontro de trabalhadores nordestinos que ajudaram a construir a capital, começou na Praça Boa Ventura, conhecida como troca-troca, quando objetos usados circulavam sem dinheiro, apenas por permuta e proximidade. Com o tempo, transformou-se em feira: bancas se multiplicaram, visitantes aumentaram e novas mercadorias passaram a compor o espaço. Hoje, centenas de barracas se estendem entre o Parque Agropecuário e a antiga linha de ferro do Setor Nova Vila, preservando a memória dos primeiros trabalhadores.


FAROLETE – Mostra de Artes do Vídeo, Museu das Bandeiras

08/11/2025

A Universidade Federal de Goiás – Campus Goiás, com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE/UFG), apresenta a primeira edição da Mostra FAROLETE: Mostra de Artes do Vídeo, de 4 a 6 de dezembro de 2025, na cidade de Goiás. O evento reúne produções de videoarte, videodança, videoperformance e cinema experimental, com exibições gratuitas e abertas ao público.

Com curadoria de Emilliano Freitas, artista e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFG, e de Benedito Ferreira, artista e pesquisador, a programação articula obras de artistas brasileiros e estrangeiros, instaurando um campo de trocas transnacionais no qual distintas experiências visuais se cruzam na cidade de Goiás. Ao lado de artistas convidados internacionais, a mostra apresenta filmes e vídeos produzidos em diferentes regiões do Brasil, reunindo perspectivas que expandem o entendimento do vídeo como gesto político e sensível.

Grande parte das obras será projetada diretamente na fachada do Museu das Bandeiras, edifício histórico que se torna suporte para novas camadas de imagem. Uma das galerias internas do Museu também receberá parte da programação, criando um percurso que atravessa exterior e interior, rua e museu, corpo e imagem.

Mais informações e programação completa em @mostrafarolete.

 


A outra voz

10/11/2025

Nos últimos anos venho desenvolvendo faixas a partir de versos de músicas sertanejas. O conjunto dessas obras chama-se A outra voz. Nessas escolhas, interessa-me destacar um eu-lírico que, ao ser deslocado para o espaço da arte, adquire novas camadas de leitura. As faixas são confeccionadas em colaboração com o artista Sandro de Oliveira, que realiza a feitura material das peças a partir de encomendas minhas. O gesto de reinscrever essas vozes no espaço expositivo revela suas contradições e sua dicção melodramática, ampliando o sertanejo para além do circuito de consumo e aproximando-o de uma dimensão crítica, poética e reflexiva.

Entre as faixas já realizadas, destacam-se horizonte azul vermelho luzes a brilhar, verso da canção Horizonte Azul, de Leandro & Leonardo, exibida na mostra Abrir Horizontes (Centro Cultural Octo Marques); eu quero que risque o meu nome da sua agenda, retirada de Telefone Mudo, imortalizada pelo Trio Parada Dura, mostrada na mostra Terra Caçula (Sesc Palmas); com letras douradas num papel bonito chorei de emoção quando acabei de ler, verso de Convite de Casamento, célebre na voz de Gian & Giovani, incluída em Novas Aquisições – Coleção Artistas Goianos (Centro Cultural Octo Marques); e é hora de parar com a presepada respeita a sua namorada, escrita por Marília Mendonça e Maraísa, apresentada em Não vou negar: artes visuais, território e música sertaneja (Centro Cultural UFG).

No primeiro caso, o verso de Horizonte Azul convoca uma imaginação de partida e reencontro. A imagem do horizonte como promessa, iluminado por cores que se alternam entre o dia e a noite, estrutura um desejo de retornar a um lugar que já não existe como tal. Trata-se de um gesto de mirar o longe para tentar recompor o que se perdeu. No espaço expositivo, essa paisagem sinestésica ganha corpo como projeção afetiva, um campo de expectativa suspensa entre o que se lembra e o que se deseja reencontrar.

No caso de Telefone Mudo, o trecho convoca um eu-lírico que exige o apagamento de si. Interessa o nome riscado, o número esquecido, o vínculo que se desfaz no plano material. Nesse movimento ambivalente, emerge o orgulho ferido como modo de preservar dignidade na perda. Ao transpor o verso para o espaço expositivo, proponho-o como alter ego, uma voz íntima e coletiva, que expõe uma economia emocional marcada por corte e inacabamento.

Na faixa é hora de parar com a presepada respeita a sua namorada, o horizonte é outro. Não se trata do fim, mas da disputa pela continuidade do vínculo. A frase reivindica reconhecimento e lugar público. O eu-lírico feminino se apresenta de modo frontal, recusa a posição da mulher que sofre em silêncio, cobra reciprocidade, afirma seu próprio valor e tensiona imagens cristalizadas da mulher no ambiente sertanejo.

Ao deslocar esses versos para o espaço da arte, as obras permitem que essas vozes adquiram novas espessuras críticas. O sertanejo aparece como território de disputas sobre orgulho, perda, reivindicação e desejo de reconhecimento. A inscrição desses enunciados no espaço expositivo produz uma zona de fricção entre sentimentalidade e fabulação, na qual as canções deixam de operar apenas como trilha da vida cotidiana e passam a funcionar como pensamento. As faixas instauram modos de habitar o espaço com outras vozes, outras dicções e outras memórias, ativando uma dramaturgia que permanece movente e inacabada.

Fotografias: Paulo Rezende e Lucas Nascimento.


Agora e Pouco Antes: Direção de Arte e Cinema Brasileiro (esgotado)

09/11/2025

Agora e Pouco Antes: Direção de Arte e Cinema Brasileiro está esgotado. Celebramos a trajetória iniciada em março de 2025, no lançamento realizado na Universidade Estadual de Goiás. Desde então, o livro passou por encontros e feiras, como a Feira E-cêntrica, o 4º Encontro das Escolas de Cinema e Audiovisual do Brasil Central, o 28º Encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (Socine) em Belém do Pará e, finalmente, a 23ª Goiânia Mostra Curtas.

Sabemos que muitas pessoas não conseguiram garantir um exemplar. Já estamos preparando a segunda impressão, junto de outras novidades que anunciaremos em breve.

Seguimos afirmando o cinema brasileiro e a direção de arte como campo capaz de mover, pensar e reinventar mundos.

Até já.

Com carinho,
Benedito e Rebellium Coletiva


LAPSO Publicando Pessoas

08/11/2025

Animado com o desenvolvimento de uma fotozine a partir da convocatória promovida pela LAPSO e por Igor Augstroze, venho, nos últimos meses, selecionando fotografias que integraram o projeto O Bastardo e a montagem mais recente da instalação, somadas a novas imagens que passarão a compor esta edição. Trata-se de um processo de aproximações que desdobram a pesquisa em direção ao campo editorial, abrindo outras possibilidades de leitura e circulação do trabalho de colecionador.

Fotografia: Lu Barcelos.


Parábola da fera

08/11/2025

 

Parábola da fera

 

O gato anda em círculos na cozinha

com o passarinho morto,

sua nova possessão.

 

Alguém deveria discutir

ética com o gato enquanto ele

perscruta o débil passarinho:

 

nesta casa

nós não exercemos

a força deste jeito.

 

Diga isso ao animal,

seus dentes já

fundos na carne de outro animal.

 

Louise Glück


Telhado no bolso: Ciclo de Leitura de Portfólios de Artistas Goianos

08/11/2025

Convido artistas interessados para o Ciclo de Leitura de Portfólios, com inscrições pelo e-mail benedito@beneditoferreira.com. Esta é a segunda das três ações públicas do projeto Telhado no Bolso, realizado com apoio do Programa Goyazes.

A proposta consiste em abrir um espaço de conversa sobre pesquisas em fotografia e vídeo. Durante os atendimentos, vamos olhar juntos para os trabalhos apresentados e discutir processos, referências e questões que cada participante deseje aprofundar. O foco é escutar, pensar caminhos e fortalecer percursos em andamento.

Estarei disponível on-line no dia 4 de novembro, das 8h às 20h, para agendamentos individuais.

Vamos conversar.


Telhado no bolso: Fotografia de Rua e Bateção de Perna

26/10/2025

Quero convidá-los para a fala Fotografia de Rua e Bateção de Perna, que acontece na Faculdade de Artes Visuais da UFG. Trata-se da primeira das três ações públicas do Telhado no Bolso, projeto realizado com apoio do Programa Goyazes.

A proposta é tensionar a imagem clássica do flâneur a partir de uma prática que atravessa meu trabalho há anos: a bateção de perna. A expressão me interessa por sugerir um impulso corporal próximo ao movimento das asas — e, desprovidos delas, resta-nos bater perna pela cidade, atentos ao que emerge do encontro com o espaço.

Compartilharei meu percurso obsessivo com a fotografia de rua e apresentarei artistas que me acompanham nesse olhar, como Ismo Hölttö, Graciela Iturbide e Martin Parr, cujas caminhadas pelo espaço urbano se deixam conduzir pelo desejo fotográfico.

A mediação será de Paulo Duarte-Feitoza, professor da FAV/UFG e parceiro de pesquisa e conversa.


Com letras douradas num papel bonito chorei de emoção quando acabei de ler

20/10/2025

Vista da exposição Novas Aquisições – Coleção Artistas Goianos, em cartaz até sexta-feira, 31 de outubro, no Centro Cultural Octo Marques (CCOM). Apresento três trabalhos: O céu é o limite, vídeo que articula fotografias noturnas e uma declaração amorosa; Jardim furta-cor, série fotográfica que imagina os farricocos nas horas que antecedem a Procissão do Fogaréu; e a faixa “Com letras douradas num papel bonito chorei de emoção quando acabei de ler”, retirada da canção Convite de Casamento, imortalizada pela dupla Gian & Giovani.

Sobre a última obra: nos últimos quatro anos venho desenvolvendo faixas que isolam versos de músicas sertanejas. Interessa-me destacar eu-líricos que, deslocados para o espaço da arte, adquirem novas camadas de leitura. O gesto de inscrever essas vozes no espaço expositivo enfatiza suas contradições e sua dicção melodramática, ampliando o sertanejo para além do consumo massivo e aproximando-o de uma dimensão crítica, poética e reflexiva.

Fotografia: Paulo Rezende.


29th Festival of Experimental Art Event Horizon, Armenian Center for Contemporary Experimental Art

19/05/2025

 

Dear friends, these are the final days to watch my video Alfabeto do gelo [Ice Alphabet], on view at the 29th Festival of Experimental Art Event Horizon, at Armenian Center for Contemporary Experimental Art (NPAK), in Yerevan, Armenia. This is the second public screening of the work. The first took place at Pantera Solidão, my second solo exhibition in Goiânia, curated by Divino Sobral.

Filmed in Reykjavik, the capital of Iceland, the video follows the transformation of a glacial landscape in dialogue with the Portuguese alphabet. When the letters overlay the frozen Icelandic images, I see the landscape as something capable of breaking all forms of communication.

My sincere thanks to curators Nathalie Hoyos and Rainald Schumacher for the opportunity.

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Um rosto suspenso, Museu da Imagem e do Som de Goiás

03/04/2025

É com alegria que convido vocês para a exposição Um rosto suspenso, que acontece de 3 de abril a 16 de maio, na galeria Alois Feichtenberger, no Museu da Imagem e do Som de Goiás (MIS-GO), Centro Cultural Marieta Telles. Com curadoria de Débora Duarte e produção de Cleandro Elias Jorge, a mostra reúne obras de Adriana Bittar, Benedito Ferreira, Dalton Paula, Eduardo Bilemjian, Flavio Edreira e Gabriela Chaves. Esta linda arte foi feita pelo estúdio goianiense Bumpin Works.

Inspirada pelas reflexões do fotógrafo e crítico francês Hervé Guibert, no ensaio A Imagem Fantasma, a exposição ilumina o desejo e a frustração implicados no gesto de fotografar um rosto. Guibert relata a tentativa de fotografar sua mãe — que evitava a câmera por não se considerar fotogênica — e a decepção ao revelar o negativo e encontrar apenas uma superfície branca. Essa ausência do rosto, suspensa entre o anseio de captura e a impossibilidade de presença, torna-se o disparador de uma série de questões queatravessam a exposição.

Estou presente na mostra com duas obras inéditas. A primeira é O Bastardo (El Bastardo), instalação fotográfica que reúne fotografias e outros materiais colecionados ao longo de viagens por países da América do Sul, como Argentina, Paraguai, Chile, Uruguai, Peru, Bolívia e Brasil, justapostas a imagens adquiridas nos Estados Unidos. A segunda é o vídeo O Céu é o Limite, que integrou a edição mais recente da revista Superpresent, e trata de uma declaração de amor em língua inglesa — uma ficção científica de puro desalento.


GRANADA, USA

12/03/2025

GRANADA has been selected for the LGBTQIAPN+ Showcase of the 5th Mulheres+ Festival, which will take place from March 22 to April 3, 2025, on the festival’s streaming platform. The program is curated by Júlia Katharine. The film will be screened in a single virtual session, at a date and time determined by the festival’s organization, and will remain available for 12 hours in both Brazil and the United States. The Mulheres+ Festival is free of charge and seeks to strengthen the visibility and participation of women and LGBTQIAPN+ professionals in the audiovisual field, fostering spaces for discussion, exchange, and collective recognition.


No encalço da aventura

01/10/2024

Gostaria de convidá-los para uma conversa on-line sobre No Encalço da Aventura, pesquisa que desenvolvi ao longo dos últimos 13 meses para um filme a ser realizado em Buenolândia, lugar historicamente reconhecido como o Marco Zero de Goiás. Há cerca de trezentos anos, em meio à extração aurífera colonial, constituiu-se ali o Arraial da Barra, núcleo inicial do povoado que viria a se tornar Goiás. Hoje, Buenolândia é um distrito da Cidade de Goiás, situado a 182 km de Goiânia e a 31 km da própria Cidade de Goiás.

Ao concluir essa etapa da pesquisa, desejo compartilhar algumas das questões que emergiram do processo: relações entre imagem e memória, tensões entre documento e fabulação, e a paisagem como campo de conflito, desejo e invenção. A conversa contará com a interlocução de Fabiana Assis e Paulo Duarte-Feitoza. Falaremos sobre fotografia, paisagem, cinema documentário e práticas artísticas contemporâneas. Para participar, acesse o link disponível na bio de @fbenedito.

Convidados

Benedito Ferreira
Artista visual, realizador audiovisual e pesquisador. Doutor em Artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Suas investigações concentram-se na imagem como escrita, na poética dos arquivos, suas montagens e na fricção entre “documento” e “ficção”.

Fabiana Assis
Documentarista, curadora e pesquisadora. Diretora artística e curadora do Pirenópolis Doc – Festival de Documentário Brasileiro. Seu longa-metragem Parque Oeste recebeu o prêmio de Melhor Filme na 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

Paulo Duarte-Feitoza
Historiador, curador e crítico de arte. Professor adjunto na Universidade Federal de Goiás nas áreas de Teoria, Estética e História da Arte. Doutor em História da Arte pela Universidade de Girona e membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).


Looking at the Moon, Moscow

16/01/2025

Happy to participate in the Looking at the Moon program, organized by the Winzavod Center for Contemporary Art and the HSE Art Gallery in Moscow, Russia. Opening next Saturday, January 18, the exhibition explores the ephemeral nature of moving images, their oscillating uncertainty, and poetic depth. The exhibition invites viewers to contemplate the transience of images and to explore the transparent boundaries between reality, memory, and dreams.

I am delighted that the video Nenhum [None] was selected for the exhibition. In it, three cameras installed in an old house captured over 80 hours of nighttime footage, documenting a moth disoriented by artificial light. Typically, these insects navigate by moonlight, but the interference of an artificial light source disrupts their natural path.


Terra Caçula, Sesc Tocantins (Gurupi e Palmas)

05/09/2024

A partir de 14 de novembro, o Sesc Palmas recebe Terra Caçula, exposição que revela o imaginário sertanejo e a sensibilidade do universo infanto-juvenil na obra dos artistas Benedito Ferreira e Emilliano Freitas. Com curadoria de Mariane Beline e assistência de Luana Rosiello, a mostra segue até 24 de janeiro de 2025, reunindo instalações e objetos que evocam uma atmosfera profundamente enraizada nas tradições culturais de Goiás e Tocantins. Inaugurada em setembro no Sesc Gurupi e agora em exibição no Sesc Palmas, a mostra traz elementos que evocam a infância, as tradições rurais e a música sertaneja, conduzindo o público a uma imersão nas origens e histórias entrelaçadas desses territórios.

No coração da mostra, encontram-se a catira — dança vibrante marcada pela cadência dos pés e mãos —, a música sertaneja dos anos 1980, com clássicos da dupla goiana Chrystian & Ralf e do Trio Parada Dura, e o imaginário fantástico do célebre escritor J. J. Veiga. Esses elementos, profundamente enraizados na cultura do Centro-Oeste brasileiro, refletem a identidade da região e conduzem o público em uma jornada que convida ao reencontro de suas próprias memórias e histórias.

A exposição Terra Caçula convida o público tocantinense a ampliar o repertório de imagens e vivências que conectam Goiás e Tocantins. Ela celebra a ligação profunda entre os estados, destacando afinidades e experiências em torno da fabulação, das paisagens e das experiências compartilhadas.


Direção de Arte e o Brilho da Noite

01/08/2024

Direção de Arte e o Brilho da Noite é o título da fala que terei a alegria de conduzir na próxima semana na Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (Emac/UFG). A atividade integra o XIII Seminário de Teatro, Direção de Arte e Educação. O encontro propõe uma discussão sobre a fotografia noturna como potência de criação artística. A partir de experiências no campo da direção de arte cinematográfica, a fala aborda a noite como território sensível onde se reconfiguram visualidades hápticas, corporalidades festivas e procedimentos de pesquisa. Interessa pensar como a escuridão, as luzes artificiais e a circulação dos corpos abrem espaço para fabulações, dramaturgias da imagem e modos de compor a cena que escapam ao olhar diurno.


Movimento em Câmera Lenta

03/08/2024

Movimento em Câmera Lenta é o título de uma das falas públicas que conduzirei na próxima semana, na Faculdade de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Goiás (FEFD/UFG), em parceria com a professora Ana Reis. O encontro propõe refletir sobre as relações entre audiovisual, dança e movimento, deslocando o olhar para além dos modos tradicionais de apreciação coreográfica e espacial. A partir de experiências em direção de arte e processos de montagem, discutiremos gestos que se prolongam, imagens que insistem e ritmos que suspendem o tempo. O repertório mobilizado inclui obras de Sonia Mota, Rose Finn-Kelcey, Lorraine O’Grady e Pipilotti Rist, artistas que acionam o corpo como campo expandido de presença, fabulação e crítica.


Oriente ou onde o Sol nasce antes, texto de Agnaldo Farias

26/07/2023

Residência Oriente (RJ), 26 de julho de 2023.

Como escreveu um célebre historiador francês interessado nas origens da civilização ocidental, se a etimologia não constitui uma prova, ao menos dá indicações. Sob esse ponto de vista, a palavra oriente, título desta residência artística, dá o que pensar. Como explica Jorge Luis Borges, na terceira noite de seu memorável livro Sete Noites, “Oriente é o lugar onde nasce o sol”. E prossegue: “Quero lembrar aqui que a palavra Oriente em alemão, uma linda palavra: Morgenland, ‘terra da manhã’”. A origem da Residência Oriente remonta à rua Oriente no bairro de Santa Teresa, onde funcionou um centro de teoria e prática relacionado à imagem em geral e à imagem fotográfica em particular. Mudou-se para o Outeiro da Glória mas conservou o nome, um nome bem próprio para um destino: um centro de produção artística dedicado a pessoas em busca da luz da manhã, da primeira luz, aquela que nasce antes, luz balão, como escreveu João Cabral de Melo Neto, que em seu Tecendo a manhã pergunta ao ao final: “Quem sou”, cada um ser responde.

Dessa vez a Residência Oriente reuniu seis artistas, seis pessoas dispostas a sair de seus cotidianos, dispostas a se arriscar. Talvez porque a solidão de seus ateliês lhes seja cansativa, quem sabe até opressiva, e talvez porque lhes fascine a ideia de trocar com cinco outros inconformados. Durante as quatro intensivas semanas, as impressões, as dúvidas, as aflições e as informações sobre um território misterioso, contraditoriamente atacado pela força avassaladora da mídia e do mercado.

Sofia Ramos, que mora em Brasília, onde fez faculdade de artes, nasceu em Boa Vista, Roraima, mas mantém-se conectada à fonte mater, a terra de seus pais e dos pais de seus pais, situada no sertão da Paraíba; Benedito Ferreira, nasceu em Itapuranga, interior de Goiás, estudou cinema em Goiânia, trabalhou com cenografia em São Paulo, faz doutorado no Rio mas deixou-se ficar em Goiânia; Nicole Leite, de primeira bailarina, saiu de Santos para Joinville e hoje, na bica de concluir a faculdade de artes, seu coração pendula entre mídias variadas e entre Porto Alegre e Curitiba; Luiz Cardoso nasceu em Ferraz de Vasconcelos, uma das faces mais vertiginosas de São Paulo, o que talvez explique sua busca persistente pela memória e identidade; Michele Rodrigues entre Teófilo Otoni – Minas Gerais –, Vila Velha – Espírito Santo –, e Salvador, por enquanto às voltas com imagens moventes e retratos retorcidos; Fava da Silva veio da Maré, esse Rio especial que grande parte do Rio sequer reconhece. É quem mais viajou, contudo, é a mais comprometida com seu chão.

Seis artistas, seis pessoas corajosas, desarmadas, abertas a trocas, experiências, aos diálogos, com muito mais perguntas do que com respostas, como deve ser. Suas produções, embora cintilantes, estão em pleno processo, não são acabadas. Tenho esperança que se mantenham assim.

Agnaldo Farias

Fotografias: Michele Rodrigues.


Depois que o Sol baixar um pouco e outros ensaios, defesa de tese

20/04/2024

O doutorando e bolsista Capes Benedito Ferreira convida para a sua banca de defesa do doutorado, no dia 24 de abril de 2024, às 15h, que acontecerá de modo on-line pela plataforma zoom.

Título: Depois que o Sol baixar um pouco e outros ensaios
Linha de Pesquisa: Arte, Imagem, Escrita
Orientação: Professora Doutora Leila Danziger

Banca Examinadora:
Professora Doutora Karina Dias (UnB)
Professora Doutora Patricia Franca-Huchet (UFMG)
Professor Doutor Luiz Cláudio da Costa (Uerj)
Professora Doutora Marisa Flórido Cesar (Uerj)


GRANADA, FICA 2024

18/06/2024

O Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) 2024 consagrou GRANADA como seu grande vencedor. Dirigido por Benedito Ferreira, o filme conquistou cinco prêmios: Melhor Roteiro e Melhor Direção para o próprio diretor, Melhor Montagem para Vinicius Nascimento, Melhor Fotografia para Larry Machado e o troféu de Melhor Longa-Metragem. No filme, acompanhamos Dom, um bailarino que atravessa o centro de Goiânia com um lenço de bolinhas, enquanto o diretor observa a cidade e se aproxima de sua história. De um encontro casual nasce uma amizade e a proposta de um espetáculo flamenco.

Fotografias: Larry Machado.

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“A vida passa, mas sua imagem fica”

23/05/2024

Recebi com muita alegria este texto do Paulo Duarte-Feitoza, professor de História da Arte da Universidade Federal de Goiás (UFG), sobre a mostra Pantera Solidão, realizada de 31 de outubro de 2023 a 25 de fevereiro de 2024, com curadoria de Divino Sobral, no Centro Cultural Octo Marques, em Goiânia (GO). Seu texto recorda a curiosa frase na contracapa de um dos álbuns da instalação O Bastardo e retoma um par de imagens tomadas no interior de museus internacionais. Muito obrigado, seLecT.

Fotografia: Paulo Rezende.


Indicação ao Prêmio ABCA 2023 – Destaque Região Centro-Oeste

01/05/2024

A indicação ao Prêmio ABCA 2023 na categoria Destaque Regional – Região Centro-Oeste representa um reconhecimento significativo por parte da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), instituição importante para a reflexão crítica e historiográfica da arte no país. O gesto valoriza uma trajetória construída a partir de Goiás e em diálogo com diferentes artistas e espaços.

Agradeço à ABCA e a todas as pessoas que acompanham, colaboram e sustentam essa caminhada.


Do corpo objeto ao animal político

29/02/2024


“Quase todos nós fotografamos”

29/02/2024

Penúltimo dia de Pantera Solidão no Centro Cultural Octo Marques. Foram quatro meses em cartaz. Saiu entrevista no impresso e no digital do Diário da Manhã. Sempre uma alegria conversar com o jornalista Marcus Vinícius Beck: falamos sobre a paisagem gélida de Reykjavík, as figurinhas do álbum da Copa do Mundo Feminina de 2023 e as narrativas interrompidas que atravessam o trabalho. O bate-papo ocupa uma página inteira no site do DM e na página 14 da edição impressa.

Fotografia: Paulo Rezende.


La dirección de arte más allá de la práctica, Museo Nacional de Artes Visuales (Uruguay)

28/11/2023

 

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Algo do que fica, FICA 2017

29/06/2017

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Fotografias: Michely Ascari.


Mundos (Im)possíveis, Galeria Espaço Piloto

02/11/2023

 

Na próxima sexta, 3/11, acontecerá a abertura da exposição Mundos (Im)possíveis, às 19h, na Galeria Espaço Piloto, Universidade de Brasília (UnB). A mostra exibirá o trabalho de mais de 70 artistas e a abertura contará com as performances Giro do artista Martiniano Bispo e Oráculo das Derivações Intuitivas da artista Vica. Participo com o vídeo que compõe a obra A Galáxia de Minha Avó. A visitação acontecerá do dia 06 ao dia 24 de novembro, de 10h às 18h.


Pantera Solidão, Centro Cultural Octo Marques

25/10/2023

O Centro Cultural Octo Marques, inaugura na próxima terça-feira (31/10), às 19h, a exposição Pantera Solidão, do artista visual goiano Benedito Ferreira. A mostra permanece aberta para visitação até 7 de janeiro de 2024, de segunda a domingo, das 9h às 17h, com entrada gratuita.

Com curadoria de Divino Sobral, a exposição apresenta 8 obras inéditas resultantes de uma pesquisa que se desenvolve há mais de uma década. O conjunto articula arquivos fotográficos e audiovisuais provenientes de álbuns de família adquiridos pelo artista, além de imagens realizadas em viagens à Islândia e à França. O percurso proposto evidencia o interesse de Benedito pelas narrativas que emergem das imagens encontradas, deslocadas ou recombinadas.

A mostra é organizada em ambientes distintos. Em Alfabeto do Gelo, o artista aproxima universos geográficos e afetivos aparentemente distantes, vinculados por um canto em língua islandesa que orienta a experiência do visitante. Já na série O Bastardo, o foco recai sobre um processo de desmontagem da memória visual. Benedito retira páginas inteiras de álbuns fotográficos, desarticulando sua ordem original e expondo fragmentos que sugerem linhagens imaginadas, rupturas e contaminações entre histórias.

O caráter poético da exposição se evidencia na presença de adesivos, fotopinturas, figuras colecionáveis, pequenos quadros e objetos suspensos. Esses elementos indicam a posição de uma imagem intrusa, insinuada entre páginas presas por pregos nas paredes do Octo Marques. O visitante é convidado a percorrer essa trama de correspondências e desvios, onde cada fotografia adquire novas camadas de sentido.


Kinētechós

13/10/2023


MUAMBA, Londres

25/09/2023


La Gloria, Buenos Aires

24/04/2023

Participo com duas fotografias inéditas, realizadas durante a celebração do centenário da Portela. Fundada em 11 de abril de 1923, no bairro de Oswaldo Cruz, na região de Madureira, zona norte do Rio de Janeiro, a Portela é a mais antiga e a maior vencedora entre as escolas de samba cariocas, somando 22 títulos ao longo de sua história. Em abril de 2023, a escola completou 100 anos e celebrou a data com uma grande festa que reuniu comunidade, passistas, compositores, baianas e velhas guardas. Foi nesse contexto que as imagens foram produzidas.


Working Title 3, Romania

24/04/2023


FUNDO

13/04/2023

 

Com trabalho no FUNDO Animal Doméstico, iniciativa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mais uma viagem do vídeo bestiário, em exibição no Corredor 14.


Abre Alas 18, A Gentil Carioca

11/02/2023

Nesta edição da Abre Alas 18, promovida pela A Gentil Carioca, apresento dois trabalhos selecionados pela comissão de seleção e curadoria composta por Bruna Costa, Lia Letícia e Vivian Caccuri.

Em São Paulo, exibo Cavalo sem nome, vídeo realizado a partir de imagens de uma cavalgada que parte de Goiânia rumo a Aruanã, cidade banhada pelo rio Araguaia.  Na sede do Rio de Janeiro, apresento Arquivo Morto, série de papéis de carta coletados e posteriormente rasurados por mim.

Cortesia o artista e A Gentil Carioca.
Fotografias: Filipe Berndt e Pedro Agilson.

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Cerrado em movimento

25/01/2023

 

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Nameless horse, Kunst & Cultuur Kunst: The silence of tired tongues

17/10/2022

“A arte segue em ritmo calmo, como no vídeo de Benedito Ferreira em que homens a cavalo avançam lentamente pela paisagem ampla. Anos atrás, Ferreira foi convidado a participar de uma das maiores cavalgadas do país e registrou a longa jornada com a câmera. Ao rever o material, ele passou a observar não apenas as escolhas cinematográficas feitas durante as filmagens, mas também o seu país como um filme em si. Para Cavalo sem nome, ele seleciona cerca de vinte horas de filmagens e cria sempre uma nova montagem, um novo trabalho para cada exposição, que é destruído após a apresentação. A obra exibida em Amsterdã dura cinco deliciosos minutos.” Roos van der Lint.

Aqui

Fotografias: Eva Broekema.


Colecionar imagens, O Popular

07/10/2022

Em abril deste ano, um meteoro cruzou o céu de Goiânia e gerou uma série de registros em vídeo de moradores impressionados com o clarão no céu e os tremores causados pelo fenômeno. “Eu estava no Rio de Janeiro e só pude ver os registros postados por pessoas nas redes sociais. Contudo, o que mais me interessou não foram as imagens, mas as vozes das pessoas narrando o que gravavam com seus celulares”, conta Benedito Ferreira, artista visual e pesquisador. Da busca por registros, surgiu parte da montagem e o nome da exposição, Rabo de Cometa, que estreia nesta quinta-feira (29), às 18h30, na Vila Cultural Cora Coralina.

Entre vídeos, fotografias e papéis de carta, a mostra reúne uma série de trabalhos inéditos desenvolvidos desde 2013 por Benedito, que já levou obras para os Estados Unidos, Holanda, Coreia do Sul, Alemanha e França. Agora, em Goiânia, a mostra reafirma o seu laço com o Centro da cidade e a relação com o ato de colecionar imagens. “Essa exposição deseja celebrar e refletir sobre o que usualmente chamamos de ‘goianidade’”, comenta.

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Nas entrelinhas do cotidiano

05/10/2022

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Instrução para clarividência

29/09/2022

Presente na exposição Rabo de Cometa, o vídeo Instrução para clarividência tem duração de um minuto e foi filmado por Larry Machado, Pedro Novaes e Tothi. A imagem foi originalmente descartada do material de filmagem do longa-metragem A Última Imagem e, posteriormente, retomada pelo artista. No vídeo, Benedito aparece deitado sobre o parapeito do Porto de Nantes–Saint-Nazaire, na França, com o corpo disposto perpendicularmente aos anéis luminosos instalados por Daniel Buren.

O Porto de Nantes–Saint-Nazaire é um dos principais complexos marítimos da França, localizado na foz do rio Loire. Durante a Guerra Fria, tornou-se ponto de armazenamento e maturação de bananas importadas da Guiné, Guadalupe, Camarões e Costa do Marfim, o que introduziu novas infraestruturas industriais e marcou a paisagem dos armazéns e galpões da região. Nas últimas décadas, o porto passou por um processo de requalificação urbana que converteu parte de suas antigas docas e depósitos em áreas culturais e de circulação pública. É nesse contexto que se insere Les Anneaux, a instalação de Buren, composta por anéis de luz que recortam o horizonte e sugerem outras maneiras de ver.

A postura de repouso assumida pelo artista não monumentaliza o corpo diante desse cenário em transformação. A imagem evoca viajantes que descansam à beira da estrada, pessoas que interrompem o movimento contínuo para habitar um instante suspenso. A cena aproxima o vídeo da experiência de pausar antes de seguir adiante, como se o corpo se tornasse uma espécie de ponte entre o trânsito do mundo e a necessidade de permanecer, por um momento, simplesmente à escuta.

A mostra Rabo de Cometa segue em cartaz até 16 de novembro de 2022, na Galeria Sebastião Barbosa da Vila Cultural Cora Coralina, em Goiânia. As visitas podem ser realizadas de segunda a sexta, das 9h às 17h, com entrada gratuita.


Rabo de cometa, Vila Cultural Cora Coralina

19/09/2022

A Vila Cultural Cora Coralina inaugura nesta quinta-feira (29/9), às 18h30, a exposição Rabo de Cometa, do artista Benedito Ferreira, com curadoria de Lucas Albuquerque. A mostra ocupa a Galeria Sebastião Barbosa e permanece em cartaz até 16 de novembro, com visitação gratuita de segunda a sexta, das 9h às 17h, exceto feriados.

Rabo de Cometa reúne um conjunto de obras inéditas desenvolvidas desde 2013, articulando cinema, vídeo e instalação. O título nasce de uma notícia sobre um meteoro que cruzou o céu de Goiás, imagem que se torna ponto de partida para a construção poética da exposição.

A pesquisa de Benedito se orienta pela imagem como forma de escrita e pelo potencial ficcional dos arquivos, aproximando memória e invenção. Nesse percurso, o artista opera montagens e deslocamentos que tensionam o limite entre documento e fabulação, produzindo constelações de sentido entre fragmentos de paisagem, vida comum e fabulação.

O visitante é convidado a percorrer esse campo de tensões entre o visível e o imaginado, onde as imagens, tal como um cometa, brilham, atravessam e deixam rastros que continuam a operar no tempo.

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Empena à vista

31/08/2022


Antidote

09/08/2022

The Sidewalk Video Gallery presents Benedito Ferreira + Vardit Goldner viewable 24/7 and the parking area in front of the gallery, accessed at 365 Albany Street, Boston. Learn more about the work and the viewing schedule.


Nameless horse

29/07/2022

Cavalo sem nome [Nameless horse] em The Silence of Tired Tongues, curadoria de Raphael Fonseca na Framer Framed, Amsterdã (2022).

Fotografia: Eva Broekema.


Com as “chaves” da galeria

21/07/2022

Já está disponível para download gratuito o catálogo do projeto Ocupa Virtual 2021 da Galeria da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG). Participei do projeto em maio de 2021.

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SOBER Magazine, UK

01/07/2022

Saiu hoje a sexta edição da SOBER Magazine e eu participo com o trabalho Bestiário. A edição é de Lydia Hounat e Rupert Phillips.

Artistas: Benedito Ferreira; BAK Artes Performativas, Maria Varra; Elizabeth Romanova; Cornelia Van Rijswijk; CapaJoe; X01; Leila Babouche; Nata Buachidze; Annie Dobson; Teenage GOD; Mara Ramirez & Ac Crowley; Dzejlana Karaman Pasic; Simon Kubic; Carin Iko


Puntomov

01/06/2022


Salão Nacional de Arte Contemporânea de Goiás

31/05/2022

Com trabalhos de 35 artistas de todas as cinco regiões do país, o Salão Nacional de Arte Contemporânea de Goiás reafirma a inserção do estado na cena artística brasileira e se apresenta como uma vitrine capaz de evidenciar a potência do que se produz nas terras quentes do Cerrado. Para assegurar a representatividade territorial e a atenção a poéticas urgentes diante das desigualdades que atravessam o país, foram convidados para compor a equipe curatorial/pesquisadora: André Venzon (RS), Bitu Cassundé (CE), Cinara Barbosa (DF), Marisa Mokarzel (PA) e Marcio Harum (SP).

Entre os trabalhos apresentados, mostro O vizinho silencioso, série de vídeos realizada com seis pessoas diretamente afetadas pelo césio-137 em Goiânia: Roberto Santos Alves, Geraldo Guilherme, Marques Rodrigues, Lourdes Ferreira, Luiza Odet e Suely Lina. A obra nasce do encontro com eles em suas casas. Não se trata de reencenar o acontecimento ou produzir depoimentos retrospectivos, mas de compartilhar o tempo presente.

O projeto inclui também um caderno digital, disponível gratuitamente para download, que reúne fragmentos, notas de processo e pensamentos que acompanharam o percurso da obra.

A mostra permanece em cartaz até 9 de outubro, com visitação aberta ao público e agendamento para escolas públicas e privadas de Goiânia e região. O MAC Goiás funciona de terça a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h.

Fotografias: Paulo Rezende.

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O Vizinho Silencioso: caderno virtual

28/05/2022

Aqui e Aqui


你好中國

12/05/2022


Janela Imagética

04/05/2022


A primeira coisa que se alcança com o olhar e logo em seguida se perde, texto de Gilson Plano

05/04/2022

A primeira coisa que se alcança com o olhar e logo em seguida se perde. O limite que se estende no espaço entre o chão e o céu, cresce em relação proporcional a amplitude da superfície. Neste exercício de estar na paisagem é sempre uma posição de perdedor, talvez por isso seja tão comum na história da arte tantos artistas se dedicarem a eternizar retratos de um tempo, com uma certa luz, em um lugar.

Esta exposição é constituída da incapacidade de eternizar paisagens, por ser ela mesma perecível. Por isso lança mão de um grupo de trabalhos onde a finitude e o declínio do espaço acontecem, estão divididos em três grupos que configuram uma triangulação entre o céu, a terra e a luz, elementos que constituem e desmancham a imagem. As ideias de transformação, mutabilidade e desaparecimento da paisagem se tornam imperativos aqui.

Temos aprendido que propor experiências curatoriais em ambientes virtuais continua sendo um exercício experimental da virtualidade com paisagem contemporânea, assim reunimos trabalhos que só existem enquanto projeto ou que já desapareceram e sobraram apenas seus registros, vários trabalhos em vídeo e que foram criados no ambiente virtual dialogando com evidências de outras materialidades, enfatizando que seus encontros e proximidades geram um novo código que leitura sobre o mundo.

Este lugar tem o intuito de produzir encontros entre gerações e momentos diferentes do tempo, com a certeza que reflexões e composições artísticas produzidas por outras gerações se renovam e se tornam mais complexas quando são novamente incluídas em outros contextos e em outras discussões. Reeditando o modo como olhamos para os trabalhos de arte, no espaço e a luz das nossas paisagens virtuais.

Gilson Plano, curador.

Artistas: Maru, Henrique Borela, Octávio Scapin, Benedito Ferreira, Cássia Nunes, Glayson Arcanjo, Goiandira do Couto, Joardo Filho, Raquel Nava, Sallisa Rosa, Talles Lopes e Valdelino Lourenço.

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The silence of tired tongues, The Netherlands

04/04/2022

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Fragmented Magazine, EUA

22/03/2022

Uma grande alegria fazer parte da edição de março/2022 da Fragmented Magazine ao lado de tantos artistas admiráveis. A curadoria é de Catalina Giraldo. Para adquirir, acesse aqui.


campocontracampo

21/03/2022


O Vizinho Silencioso

09/03/2022

Aqui

 


22022022

23/02/2022

Em 2 de fevereiro de 2022, a Surrealpolitik Edições fez uma chamada para trabalhos de texto e imagem que tivessem como disparador, tema, objeto ou atravessamento o número dois. Eles receberam 22 contribuições — entre contos, crônicas, poemas, montagens, fotoperformance, pintura, desenho e até apontamento matemático — que agora compõem a obra 22022022, cujo título representa o dia de hoje, esta data-palíndromo. Considerações místicas à parte, este livro traz uma curiosa tapeçaria de trabalhos inéditos, produzidos especialmente para esta chamada, que envolvem figurações do duplo, da dobra, do espelhamento e outras tantas maneiras de representar e acessar o número 2. Eu participo com o texto As Casas e um conjunto de três imagens do meu próximo filme.

É a segunda publicação da editora. Em dezembro do ano passado, saiu o livro físico Geografia Epistolar, uma coletânea de cartas escritas durante pandemia.

O livro pode ser acessado gratuitamente aqui.


SIDART: envio de propostas

15/02/2022

De 17 a 20 de maio de 2022, acontecerá o I Simpósio Internacional de Direção de Arte Audiovisual promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena (ECO/UFRJ) e pelo Mestrado Profissional em Mídias Criativas (ECO/UFRJ), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e apoio institucional do Núcleo de Investigação em Direção de Arte Audiovisual da Universidade Federal de Pernambuco (NIDAA/UFPE). Com o objetivo de tratar de modo interdisciplinar as questões relativas à Direção de Arte audiovisual, fomentar a pesquisa e colaborar na capacitação de profissionais, pesquisadores e interessados no campo, o Simpósio visa debater os desafios da Direção de Arte no século XXI.

A Direção de Arte participa da estruturação da mise-en-scène e da criação de atmosferas das obras audiovisuais, sendo possível identificar sua relevância em obras de ficção, videoclipes, documentários, filmes publicitários e demais formatos e hibridações. Envolve a gestão criativa e executiva de um departamento que congrega cenografia, produção de objetos, decoração de cena, contrarregragem, figurinos e caracterização, além de supervisionar equipes como efeitos especiais, veículos, animais de cena, entre outras. Sendo um campo multidisciplinar, a área abarca temas pertinentes à arquitetura, design, cenografia, audiovisual, artes visuais, entre outros. Seu ensino, no âmbito dos cursos de cinema e audiovisual, está regulamentado nas Diretrizes Curriculares do MEC para o ensino da área, que incluem Cenografia e Figurino entre as capacitações esperadas dos egressos.

Com o rápido avanço das tecnologias digitais como mediadoras na construção da imagem, o campo da Direção de Arte encontra-se diante do desafio de adaptar-se a esta mediação. Tais mudanças impactam na captação da imagem, amplificando resolução e sensibilidade à luz, assim como introduzem novas técnicas de pós-produção. Com a correção de cor digital, é possível alterar a informação cromática da imagem captada (e, portanto, das matérias colocadas em cena pela Direção de Arte), e com a utilização de efeitos visuais (VFX), são adicionados elementos criados digitalmente às imagens captadas no set de filmagem. Entendemos ainda as tecnologias como mediadoras de processos artísticos, políticos e sociais, bem como possibilidades de resistência e criação de novos modus operandis no audiovisual e além.


Ver-Ão Sal-Ão

11/01/2022


Videotitlán Festival de Video

11/01/2022

El video Bestiário (Benedito Ferreira, 2020) ha sido seleccionado para ser parte de la Muestra EXPROPIACIÓN DE LAS PANTALLAS, organizada pelo Videotitlán Festival de Video, evento que se realizará en la Antigua Estación de Trenes de Mérida, Yucatán, el dia 15 de Enero. El trabajo será parte de una Exhibición que contará con 20 obras de Chile, México, Uruguay, Guatemala, Perú, Ecuador, Argentina, Republica Dominicana y Costa Rica.


Geografia epistolar

16/12/2021

Alô, Belo Horizonte. É alegria estar neste percurso junto de Pedro e Urik. Cartas, mapas, trânsitos: o feitiço de enviar palavras como quem envia pedaços do próprio músculo cardíaco.


Ensaios sobre a Direção de Arte no Brasil, FICA 2021

16/12/2021

A oficina Ensaios sobre a Direção de Arte Cinematográfica no Brasil apresenta um conjunto de eventos que marcam as histórias da direção de arte no cinema brasileiro. Os encontros pretendem revelar as diversidades de procedimentos adotados nas construções das imagens dos filmes, os usos criativos da cenografia e dos figurinos, suas práticas extemporâneas e coletivas. O percurso traçado abordará desde a aparição da função do diretor de arte no cinema brasileiro até as práticas de imagens que nomeamos de tenaz, buliçosa e enigmática.

Cronograma de atividades:

Encontro 01 (15/12): Direção de arte e a imagem tenaz

O estúdio como reinterpretação do real. Os modelos divergentes e os cenários em dobras. A expectativa de fidelidade. O que a direção de arte deseja?

Filmes: A Casa das Tentações (Rubem Biáfora, 1974); A estrela sobre (Bruno Barreto, 1974); República dos Assassinos (Miguel Faria Jr., 1979).

Encontro 02 (16/12): Direção de arte a imagem buliçosa

A modernidade em preto e branco. Os modos cenográficos e a afirmação do artifício. Afinal, o que acompanha a direção de arte?

Filmes: El Justicero (Nelson Pereira dos Santos, 1967); Fome de amor (Nelson Pereira dos Santos, 1968); Independência ou Morte (Carlos Coimbra, 1972).

Encontro 03 (17/12): Direção de arte e a imagem enigmática

Os vestígios estrangeiros do fora de quadro. Os figurinos encobridores. A direção de arte pode caminhar sozinha?

Filmes: Prova de fogo (Marco Altberg, 1980); O Olho Mágico do Amor (José Antônio Garcia e Ícaro Martins, 1981); Parahyba Mulher Macho (Tizuka Yamazaki, 1983).


The Last Image

08/12/2021

RELEASING DATES THE LAST IMAGE UK & IRELAND DVD + VOD

Bohemia Euphoria UK – 14/12/21
Home Entertainment UK – 27/12/21


Misto de salto e tombo, glitch e autoironia, texto de Pollyana Quintella

19/11/2021

Misto de salto e tombo, glitch e autoironia, essa exposição é fruto do encontro de um grupo de artistas no programa de acompanhamento crítico promovido pela Escola Sem Sítio no primeiro semestre de 2021. Apesar das dificuldades e limitações impostas pelo imperativo da tela (nossos encontros foram todos virtuais e só agora, pouco a pouco, nos encontramos pelas esquinas away from keyboard), foi possível construir relações, traçar paralelos e aproximações e produzir esse espaço de interação pública, no qual nove artistas de cinco estados brasileiros compartilham experiências das suas mais recentes pesquisas. Como você já deve ter notado, a navegação por este território virtual não está organizada em torno de noções lineares de início-meio-fim, e cada percurso é costurado a partir das escolhas de cada visitante.

A despeito das singularidades de cada um, gostaria de apontar dois grandes eixos de leitura. Em primeiro lugar, há trabalhos interessados aqui em perscrutar o estado de pós-utopia que entrelaça nossa relação com o presente e o futuro. Não é nenhuma novidade que os modelos civilizatórios do ocidente apresentam, com cada vez mais radicalidade, falências múltiplas. Se na época moderna o futuro era imaginado como metáfora do progresso, hoje desconfiamos dessa ideia. A perspectiva de futuro utópico, que traria respostas para os problemas e fracassos do presente, anda em crise. Nesta via, veremos pesquisas que rondam os traços de um real estilhaçado e às voltas consigo mesmo através de ficções especulativas diversas: um continente pós-humano em contexto degradado que promete estar imune ao aumento do nível do mar (Bruno Ferreira); um empreendimento distópico que só alcançará sua máxima performance quando a atmosfera — e a espécie humana — deixar de existir (Lara Ovídio); um produto que anuncia regular as emoções humanas e tratar o sofrimento psíquico na era neoliberal (Anna Beatriz Machado), bem como pinturas que expõem os pactos perversos entre lucro e devastação ambiental camuflados nos discursos bem intencionados das grandes corporações (Marcella Araujo).

Em segundo lugar, há um conjunto de trabalhos em torno das “escritas de si”, cujo cerne é a exploração da auto ficcionalização, da fabulação das identidades e da aproximação entre o individual e o coletivo; o íntimo e o público. Aqui, com mais ou menos ênfase, vemos a presença da primeira pessoa, em que se identificam aspectos de discurso autobiográfico. Não se trata, porém, de performar a autoficção para estabelecer uma identidade fixa e unívoca, ao contrário, o gesto se aproxima mais do reconhecimento de um outro — o estrangeiro, o estranho — no seio de si mesmo. Benedito Ferreira se debruça sobre os rituais que envolvem a sua participação como artista homenageado pela prefeitura de sua cidade natal no interior de Goiás, nos fazendo refletir a respeito dos códigos sócio-simbólicos que envolvem a ideia de arte no senso comum. Thadeu Dias também parte de experiências pessoais (especialmente amorosas) para engendrar uma paisagem impossível — parte registro de um acontecimento, parte especulação poética. Cássia Nunes cria um projeto irreal que pretende criar uma linha cítrica (composta por cascas de laranjas descascadas) entre as cidades de Goiânia e Rio de Janeiro, itinerário que compõe o percurso onde a artista nasceu e onde vive. Luiz Sisinno revisita a história de um tio-avô misterioso, enquanto Mariana do Vale quebra os pratos herdados da avó numa casa em ruínas, ambos buscando renegociar com as memórias e fatos do passado.

Por entre as nove apresentações, resta a sensação de certa impossibilidade de distinguir realidade e ficção. Não será possível optar por uma ou por outra, mas somente produzir outras negociações entre esses elementos antes de tudo indissociáveis. CATAPLOFT é um convite a rearranjar as relações entre viventes, extra-viventes, não-viventes, pós humanos, ciborgues e outros gêneros. Boa viagem.

Pollyana Quintella, curadora

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A Última Imagem, 5° Festival ECRÃ

15/11/2021

 

Aqui


Em torno da biblioteca

12/11/2021

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A Última Imagem, Festival MixBrasil

20/10/2021

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BlackBoXXX, Brussels

29/09/2021

O vídeo Bestiário integra a programação do festival Homografia, compondo a instalação BlackBoXXX, criada em parceria com artistas de diferentes partes do mundo. A mostra abre amanhã, em Bruxelas.


Algo do que fica, Cinemateca do MAM

16/09/2021

 

Fotografia: Michely Ascari.

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A CASA FOTO ARTE

10/08/2021

 

Catálogo do Salão Nacional de Arte Fotográfica A Casa Foto Arte, apresentado no Espaço Cultural dos Correios de Niterói (RJ). Curadoria de Greice Rosa e Marco Antonio Portela. Publicação com imagens da série A Galáxia de Minha Avó.


Video Peace Traffic, Georgia

03/07/2021

O trabalho cavalo sem nome participa do Video Peace Traffic, mostra de vídeos realizada pelo CCA-T Center for Contemporary Art Tbilisi, Geórgia. A curadoria é de Aleksi Soselia em parceria com o Georgian Video Art Archive.


Kino Vod Club

16/06/2021

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No Source, Cracóvia

01/06/2021

Integro a zine SOS , projeto do coletivo polonês No Source, formado por Aga Gabara, Michał Jaszkowski e Paweł Franciszek Jaskuła, artistas ligados à University of Arts in Poznan. A publicação articula comentários sobre a política dos países dos artistas envolvidos e compõe a programação do Krakow Photo Fringe Festival. SOS encontra circulação gratuita em centros comunitários, recepções de hotel e restaurantes de Cracóvia.

 


Terreno: carta de Benedito Ferreira para Samuel Costa

20/05/2021

A publicação Escritos de Artista, Escritos em Arte, organizada por e para o corpo discente do programa de pós-graduação em Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), reúne textos de artistas e escritos em arte com diversos temas e formatos, divulgando reflexões sobre pesquisas em arte no seio universitário. O intuito dessa proposição coletiva é estimular a publicação e circulação de textos que vão além da formatação acadêmica, dando espaço para o caráter experimental e processual da escrita ligada ao pensamento estético. Participo com uma carta para o fotógrafo goiano Samuel Costa, personagem que compõe a gênese do projeto Despertáculo.

Fotografias: Lucas Albuquerque.


Amores Anônimos

22/04/2021

 

 

 

Participo com uma fotografia realizada no Beco da Codorna, no Setor Central de Goiânia.

Mais aqui e aqui.


Thessaloniki Queer Arts Festival, Greece

22/04/2021

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The Last Image, Variety

22/04/2021

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campocontracampo

11/03/2021

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Toronto Queer Film Festival

11/03/2021

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O jorramento de um mundo

24/11/2020

“A cortina se abre. A noite se faz na sala. Um retângulo de luz vibra em sua presença diante de nós, e é logo invadido por gestos e sons. Nós estamos absorvidos por esse espaço e esse tempo irreais. Mais ou menos absorvidos. A energia misteriosa que suporta com alegrias diversas (bonheurs divers) a enxurrada de sombra e de claridade e sua espuma de ruídos se chama mise en scène. É sobre ela que repousa nossa atenção, ela que organiza um universo, que cobre uma tela; ela, e nenhuma outra. Como a correnteza das notas de uma peça musical. Como o escoamento das palavras de um poema. Como os acordos ou dissonâncias de cores de um quadro. A partir de um assunto, de uma história, de “temas”, e mesmo do último tratamento do roteiro, como a partir de um pretexto ou de um trampolim, eis o jorramento de um mundo do qual o mínimo que podemos exigir é que ele não torne vão o esforço que o fez nascer.”

Sobre uma arte ignorada, Michel Mourlet.


FÁBULA-COSMOGONIA

28/08/2020

FÁBULA-COSMOGONIA

Os insectos nocturnos em torno da luz
As estrelas em torno das estrelas
Os meus pensamentos em torno de ti
Eu em torno do nada
O nada em torno de mim

Os meus pensamentos em torno de si mesmos
Tu em torno dos meus pensamentos
O nada em torno de ti
Os insectos nocturnos em torno do nada
As estrelas em torno de mim

Eu em torno dos meus pensamentos
As estrelas em torno de ti
Os insectos nocturnos em torno das estrelas
A luz em torno dos insectos nocturnos
O nada em torno da luz

As estrelas em torno de si mesmas
Os insectos nocturnos em torno de si-mesmos
Tu em torno de ti mesma
Eu em torno de mim mesmo
O entorno em torno do entorno

György Somlyó

[tradução de Egito Gonçalves]


Celebrar o cotidiano, Jornal UFG

21/08/2020

O cotidiano não lhe passa despercebido. Artista e pesquisador goiano, mestre em Arte e Cultura Visual pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Benedito Ferreira se volta para as rotinas discretas da cidade, especialmente no centro de Goiânia, elaborando imagens que atravessam o imediato da vida comum. Sua obra recusa leituras simplistas e encontra, nos gestos mínimos e nas temporalidades difusas da rua, uma matéria sensível capaz de convocar memória, afeto e encantamento.

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Fotos Pró Rio

18/08/2020

A convite e olhar carinhoso do curador Raphael Fonseca, participo do Fotos Pró Rio, projeto solidário de vendas de fotografias para a cidade do Rio de Janeiro. Com a participação de mais de 400 autores, e mais de 80 curadores, o projeto reverterá o valor das fotografias em doação para três ONGs cariocas. A plataforma com todas as fotografias será lançada amanhã, dia 19, quando é celebrado o Dia Internacional da Fotografia.

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Queda: carta de Benedito Ferreira para Pio Vargas

30/07/2020

O surrealpolitik nasceu como um projeto de revista de textos literários e ensaios de investigação estética e política, além de entrevistas, resenhas, críticas e imagens. Publiquei uma carta que escrevi para o poeta goiano Pio Vargas – articulações que sigo realizando e que integram o projeto Despertáculo.


A quarentena no grindr

21/05/2020

O Matheus Marx, do Matando Matheus a Grito, fez um vídeo pro canal dele selecionando algumas imagens do projeto oscarasdogrindr.


O lugar do trono

07/05/2020

O fundo de cor púrpura não consegue absorver o brilho da bandeira do Brasil, feita com cetim. A vibração do tecido, contudo, não detém o corpo, que aparece estirado no tampo da mesa. Quem vê a imagem do artista Benedito Ferreira pode pensar que ela foi feita um pouco antes do período da quarentena, em sinal de desespero. Apesar da sintonia entre a foto e o sentimento da população brasileira durante o período atual, que envolve também crises políticas, há uma outra história por trás da cena.

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Diálogos da quarentena

07/05/2020

Participo, ao lado do artista Tito Motta, deste projeto que articula conversas fotográficas entre fotógrafos em situação de isolamento. Nesse contexto, compreendo a arte como um gesto de tomada de posição diante do tempo, uma forma de responder às suas urgências, hesitações e descompassos.


Um corpo no ar pronto pra fazer barulho, MAC Goiás

10/04/2020

Está disponível o catálogo da exposição Um corpo no ar pronto pra fazer barulho, apresentada no MAC Goiás entre dezembro de 2018 e março de 2019.


Alfândega

11/09/2019

Listagens que retiram a hierarquia das coisas e as dispõem em lugares inusitados.


Teste em Piracicaba

11/09/2019


República dos assassinos

28/11/2018

Ao buscar por filmes que apresentam o crédito de direção de arte ou diretor de arte anteriores à O Beijo da Mulher-Aranha, encontrei o República dos Assassinos (1979), que atribui esse crédito a Carlos Prieto. Consegui falar com o diretor Miguel Faria Jr por e-mail em agosto de 2018.

“O filme República dos Assassinos foi realizado em 1978 e lançado comercialmente em 1979. Não posso te afirmar que foi o primeiro filme brasileiro que apresenta o crédito de Diretor de Arte, mas no filme foi este o crédito dado a Carlos Prieto. Fui eu quem decidi pois era o justo para o trabalho dele no filme. Exerceu essa função de fato, dirigindo, inventado, desenhando cenários e figurinos, além de coordenar as equipes de cenografia e figurinos. Com o fotógrafo, e o diretor do filme, colaborou nas definições estéticas, paleta de cores e demais opções visuais.”


Imagem e gambiarra

24/05/2019

Conversei com o Marcelo Pedroso antes de sua chegada a Goiânia para trabalhar comigo num projeto. Falamos sobre a direção de arte do filme Brasil S/A (2014). Essas questões estão em minha pesquisa de mestrado.

“As imagens já vinham meio prontas e o grande desafio era a execução. Eu apresentei algumas referências, ele [Juliano] trouxe outras. O diálogo foi com Juliano Dornelles e Thales Junqueira, respectivamente diretor e produtor de arte. as referências iam de malevich (Quadro branco sobre fundo branco) a Roberth Smithson (Spiral Jetty) e a galera de land art em geral. Mas tinha também Elia Suleiman (a cena da ninja em intervenção divina) e trabalhos de Cinthia Marcelle com videoarte. O problema era realmente o descompasso entre o orçamento e a grandiosidade da execução. Então a gente tentou planejar as coisas no papel, várias plantas baixas e contratamos até um cara de autocad pra fazer umas projeções pra gente avaliar a visibilidade de algumas cenas, que altura a câmera precisaria estar para imprimir o visual, etc.

O que acontece é que a gente queira imprimir um tom grandiloquente às cenas, isso fazia parte de uma estratégia de usar a ironia pra comentar o imaginário de grandeza brasileiro, o mito do progresso, a ideia do país do futuro etc. Então eu queria que as cenas ficassem impecavelmente realizadas, tudo simétrico, milimetricamente pensado. Mas aí vinham as questões orçamentárias, não só no que diz respeito à viabilizar as estruturas gigantes como também ao tempo da execução. Um bom exemplo é a cena da “procissão” de escavadeiras transportadas por caminhões. primeiro que a gente não teve grana para alugar todas as escavadeiras. Então no meio do cortejo tem um rolo compressor velho, uma escavadeira meio caindo em pedaços. isso contrastava com a ideia de grandiosidade, era uma verdadeira gambiarra. Acabava determinando as possibilidades de existência das cenas também, né? Tipo, a própria precariedade da realização se tornava uma rusga na ideia de progresso e grandeza, como se não fosse possível nem maquiar a realidade. Enfim… virou isso. Em vários momentos isso saltava aos olhos.

Tem uma cena que um carro blindado deveria aparecer todo coberto de espuma. Mas a “máquina” de espuma que a gente conseguiu fazer em gambiarra, as espumas pareciam de um banho de choveiro normal. A gente teve que cobrir com efeitos digitais, mesmo assim não ficou nem perto do que eu imaginava…

Acho que depende do filme, tem algumas em que ela precisa aparecer, saltar da tela, tipo em Brasil S/A. Mas tem outras que ela precisa ser discreta, quase sumir. Em Brasil S/A tanto a direção de arte quanto a trilha precisavam gritar. Elas tinham vida própria e tomavam as rédeas da narrativa em muitos momentos, conduziam o filme. Se elas não funcionassem, o filme ficava ameaçado. Acho que de forma geral a melhor direção é aquela que entra em sintonia com o filme de forma harmoniosa, sabendo o momento de aparecer e o momento de sumir, né não?”


Os pássaros e a cama

28/03/2019

Consegui o contato da Cristina Mutarelli através de um amigo do Rio que é produtor de elenco. Eu me [re]apaixonei por ela depois que lembrei de sua rápida participação no filme Anjos da Noite. Ela faz uma secretária e tem um ar debochado em cena. Cristina estudou cinema na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), chegou a dar aulas de montagem e assina a direção de arte de O olho mágico do amor (1982) e Onda Nova (1983), ambos dirigidos pela dupla José Antônio Garcia e Ícaro Martins. Nossa conversa aconteceu no dia 25 de março de 2019.

“A ECA era muito dominada por uma certa linguagem, a ideologia da fome, né? Os roteiros que eles patrocinavam eram ligados a pobreza, à miséria, estética do preto e branco… que na verdade não era a nossa luta, porque a gente era do humor, ainda que fazer humor também seja um tipo importante de luta. Mas na época os professores, alguns professores ali, eram chamados de cuecão, do partido comunista. Eles não estavam interessados no humor. Penso que O olho mágico é um deboche, é um filme de humor. Nós não conseguíamos produzir nossos filmes na ECA, eles não queriam trabalhar com esse tipo de conteúdo. Todo ano os nossos roteiros eram submetidos, mas eles não eram aprovados. Eu trabalhei com o Naum Alves de Souza, eu tinha uma visão diferente das coisas. O Ícaro Martins também. Nós éramos de uma turma mais ousada, não tínhamos patrocínio.

Ícaro e José Antônio foram na Boca do Lixo pedir algum patrocínio. A ideia era entregar um roteiro engraçado, mas que fosse o próprio deboche de toda aquela época, do cinema paulista, que fizéssemos um trabalho em que nós pudéssemos experimentar. Cinema é prática e eu pensava que precisava me exercitar. Tudo era coletivo demais, havia uma ideia de grupo no filme. Na hora de dividir as funções, cada um assumia uma linguagem. Eu era meio que produtora de elenco, viajei para o Rio com o José Antônio Garcia para conversar com a Carla.  Nossa turma era eu, Cristina Santeiro, o Ícaro Martins e José Antônio. Foi a nossa possibilidade de existir nesse mundo de cinema. Eles [os diretores] construíram um território em que pudéssemos atuar como profissionais de cinema. Os prêmios que recebemos foram políticos, foi um prêmio bastante político como forma de incentivar a produção independente fora da universidade.

Os diretores perceberam que como eu assinava tudo, chegava inclusive a maquiar, sugeriram que eu assinasse como diretora de arte. Sem qualquer assistente, com o orçamento muito baixo, fui a brechós e antiquários para poder produzir os objetos. Apenas o quarto da Tânia Alves foi feito na produtora do filme. O restante, tudo em locação. Quando eles começaram a trabalhar no roteiro, eu participava das leituras. Discutíamos quem eram aqueles personagens, em que lugar eles morariam, onde seria aquele prostíbulo. O lugar da Carla era mais escuro, mais marrom. O lugar da Tânia era mais iluminado, nada lúgubre, era a festa e a alegria. Já tínhamos conceitos antes de filmar. Havia a discussão com o fotógrafo em relação dos pontos de luz e com os atores em relação aos comportamentos dos personagens. O escritório da Carla foi montado numa locação que o produtor do filme, o italiano Adone Fragano, arranjou. O orçamento era muito baixo. Os pássaros foram emprestados do Colégio Sion, eles não sabiam que era para um filme. Os elementos que eram muito importantes, são os pássaros empalhados no escritório da Carla e da cama no quarto da Tania. Não foi uma direção de arte totalmente fiel ao ideal, mas sabíamos até que ponto podíamos abrir mão de alguns conceitos.

Eu montava o cenário, deixava ele todo montado. Não havia monitor, não tinha como visualizar. O escritório da Carla foi montado numa locação que o produtor italiano Adone Fragano arranjou. O orçamento era muito baixo. Os pássaros foram emprestados do Colégio Sion, eles não sabiam que era pra um filme. Diversos objetos foram levados da casa dos meus pais e também de outros lugares, como em antiquários do centro de São Paulo. Os elementos que pra gente foram muitos importantes, são os pássaros empalhados no quarto da Carla Camurati e da cama no quarto da Tania. Não foi uma direção de arte totalmente fiel ao ideal, mas sabíamos até que ponto podíamos abrir mão de alguns conceitos.”


A voz de Óscar ao telefone

21/01/2019

Consegui o contato do Óscar Ramos através de um amigo que vive em Manaus. Eu soube dele depois que passei dias tentando fazer o download de alguns filmes do Bressane. Sabia do básico, que que ele produziu em parceria com Luciano Figueiredo as capas de álbuns da Gal Costa e que havia passado pela revista Navilouca, dos poetas Torquato Neto e Waly Salomão. Tentei várias vezes, mas sempre dava caixa. Fiquei encantado com sua elegância, sua voz baixa e memória aguçada. Perguntei pouco, na verdade o necessário pra compreender coisas sobre a direção de arte de O Gigante da América, final dos anos 1970, e sua relação de trabalho com o cineasta Ivan Cardoso. A conversa aconteceu no dia 19 de janeiro de 2019.

“Essa turma toda, o Bressane, Sganzerla e Ivan Cardoso, prestava atenção nos visuais. Desde adolescente, eu prestava atenção em funções nos créditos dos filmes dos anos 1940, minha época de cinema favorita. Em cinema a coisa mais importante para mim é o filme, o jeito de articular uma linguagem. Me interesso por filme e não por cinema. Fiquei seis anos em Londres, fiz algumas experiências amadoras em super 8. Eu não aguentava toda a barbaridade da ditatura, uma das razoes de ter ficado tanto tempo lá.

Estudei com Gianni Ratto e fui descobrindo a cenografia. Comecei minha carreira como desenhista técnico, o que contribuiu para minha formação. Trabalhei no no filme O gigante da América, do Bressane, final dos anos 70. Eu e Bressane conversávamos muito, eu já conhecia o conceito de direção de arte muito por conta de minha passagem na Inglaterra. Admirava o Polglase, diretor de arte do Cidadão Kane e também o genial Edward Carrere.

O Ivan Cardoso, que era muito mais jovem que eu, havia me chamado para fazer O Segredo da Múmia. Eu tinha um enorme apoio do Bressane. Era o clima do filme que me interessava. Minha mãe foi uma grande costureira de Manaus. As roupas do filme possuem essa memória, tem uma cara dos anos 50. Tinham o cheiro de sua máquina de costura. Desenhei todas elas, uma por uma. Um dia eu cheguei na mesa de reunião do filme e disse que queria assinar como diretor de arte. Eu nunca aceitei ser chamado de decorador, eu me ofendia. Eu fiz uma produção francesa há três anos atrás, e lá eles falam chef decorateur. Isso me incomoda, porque eu não sou decorador. Sou diretor de arte e, para mim a direção de arte coloca o filme todo numa frequência, imprimindo um ritmo. Detesto essas ideias geniais, essa coisa de botar efeito especial em tudo, vira algo sem emoção. O diretor de arte geralmente fica entre os focos da produção e do diretor e assim busca soluções que imprimem um estilo à obra. Sou apaixonado pelo trabalho do Anísio Medeiros em Dona Flor, do Bruno Barreto. É um exemplo de cenografia humanizada, tem a força de uma imagem ária. Lindo.”

No fim, ele me convidou pra tomar um café em Manaus. Disse que estava cansado, que precisava voltar a trabalhar como diretor de arte e que ama filme.


Uma direção de arte fantasma

11/10/2018

Conversei com o crítico de cinema Rubens Ewald Filho por e-mail a respeito da direção fantasmagórica de Rubem Biáfora no filme A  Casa das Tentações. Essas investigações compõem parte importante de minha pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás (PPGACV/UFG).

Reproduzo aqui trechos.

“Biáfora era uma pessoa muito especial, além de ser o líder do cinema nacional em São Paulo dos anos 1950 aos 1980 e poucos. Teve importância muito grande em tudo o que comandou, prêmios que deu, filmes que ajudou a produzir das mais variadas formas (…) Era uma pessoa difícil porque tinha problemas de visão e foi muito perseguido pela esquerda pesada, dentro do próprio jornal. Não foi meu mentor, nem coisa assim. Sua influência comigo foi pequena, mas eu gostava dele, era muito gentil, e fez coisas incríveis sacando dados do cinema que ninguém mais em sua geração foi capaz antes ou depois.

Em A Casa das Tentações não dá para ver um estilo. A intenção era fazer um filme sobre a época medieval que ele [Biáfora] tinha fascinação. Mas o projeto começou a ficar caro demais (…) A ideia parecia bastante o filme de Charlton Heston, O Senhor da Guerra, de 1965. A direção de arte foi alguma gentileza que ele fez com algum amigo que não sei quem é. Mas o filme era tão pobre que não dava para muita coisa. Era tudo emprestado e olhe lá. Por isso ele assinou a cenografia.”

Intrigado com a inexistência de qualquer informação a respeito de Rocco Biaggi, o diretor de arte creditado no filme, escrevi pro cineasta e pesquisador Alfredo Sternheim, pouco antes de seu falecimento.

“Não lembro de ter conhecido nenhum Rocco, um nome marcante e fácil de memorizar. Naquela época, eu já transitava pelo Cinema da Boca. Levando em contas as iniciais RB, as mesmas de Rubem Biáfora, tenho a impressão de que o Biáfora fez um fake, agregou esse diretor de arte para dar boa impressão na produção, pobre, como a maioria dos filmes da Boca que, na época, não contava com o mecenato oficial. E convenhamos: no Cinema da Boca, era um luxo ter um diretor de arte ou alguém assim citado.”